terça-feira, 9 de julho de 2013

"Trombetas Mecânicas"


   “Sou um rapaz solitário, moro no alto de uma torre. Fico horas criando estatuetas no recanto que construí ao longo dos anos... onde só desço mais frequentemente para tomar uma boa xícara de café.
   A torre, que há algum tempo era isolada numa planície perto das montanhas, sempre teve a tecnologia presente desde que foi construída. Um lugar solitário, mas para mim, é onde tinha a liberdade de realizar meus pequenos feitos.
   Mas com o avanço, e outras pessoas buscando um lugar mais calmo, isso começou a mudar.
   A cada ano, novas torres surgiam. Com elas mais pessoas dirigindo suas carruagens motorizadas munidas de trombetas mecânicas feitas para produzir sons de alerta (e não musicais como deveriam ser). Com isso, a pequena velha estrada de acesso ao meu refúgio começou a ser também o acesso às outras.
   A pequena planície, agora, cada vez mais populosa e agitada, faziam com que outras pessoas vinham visitar os novos moradores. Deixou-se os bons costumes para trás e passaram a usar frequentemente as trombetas.
   Como as torres começaram a ficar cada vez umas mais próximas das outras, o soar delas ecoavam no mais alto andar da minha, como se fossem direto para meus ouvidos.
   Trombetas que eram usadas para anunciar a vinda de seus condutores (de alguém importante, se esperava...), não eram usadas como tal, e sim, para causar balbúrdia, e se tornaram inúteis para a ocasião, porque deveriam apenas serem usadas como um aviso para outras carruagens que poderiam ser guiadas desgovernadamente.

   A torre ainda era equipada com tecnologia direta: um simples botão; um sino também mecanizado (o que seria bem diferente se usassem esse instrumento). Não fariam com que o morador da torre, confuso, corresse por longos lances de escadas, para então perceber que é para a torre ao lado que fizeram o uso dessa trombeta tão perturbadora.
   Os condutores dessas carruagens poderiam no mínimo descer de seus luxuosos meios de transporte, andarem cerca de dois metros e pressionar esse botão, que ativaria o sino direcionado para a minha torre, e não a trombeta, que ecoava para todos os lados sem objetivo claro, e sem direção... fazendo assim serem ignorados diversas vezes por mim, fazendo com que me irritasse profundamente e que eu corresse de modo inútil até a porta; inútil como vocês, que usam essa maldita trombeta!”

“Se quer falar comigo, use a droga do botão!”

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